terça-feira, 20 de agosto de 2013

COMO UM FAROL NA NOITE DOS TEMPOS


O ser humano deve se acostumar a viver como um farol na noite dos tempos. Sempre sinalizando para as próximas gerações com a luz de uma vida dedicada a algum progresso moral, numa atitude constante de congraçamento com o próximo, sentimento fraterno de amor e união.

Compreender a dimensão espiritual da vida é uma alegria imensa, que se desdobra nas particularidades da existência, constituindo um modo de viver muito mais consistente do que o simples ato de desfrutar os prazeres efêmeros. Agrega uma íntima satisfação por fazer parte de uma sinfonia de almas em constante progresso, de seres como notas musicais em uma linda melodia que vai se aperfeiçoando com o tempo.

É uma felicidade quando aquele que seguia esquecido de sua parte transcendental, desperta para a sua realidade maior, momento em que aquilo que não era visto por seu olhar interno, passa a ser enxergado, como uma cortina que se abre para a percepção extra-sensorial, numa conscientização em nível profundo, onde o que era algo possível passa a ser sentido como uma realidade. Pude presenciar certa vez um momento assim. Sempre tive o hábito de frequentar diferentes práticas religiosas ou espiritualistas (dentre os grupos que admitem a realidade da reencarnação), simplesmente por poder interagir com os irmãos encarnados em alguns dos poucos momentos em que é possível se reunir para estar voltados em conjunto para a busca de espiritualidade. Estava eu num grupo adepto da bebida sacramental ayahuasca, uma comunidade de pessoas sérias e amadurecidas dentro do contexto desta prática de ampliação da consciência. Havia uma jovem que não acreditava em nada relacionado com a espiritualidade. Era como se ela só enxergasse a escuridão da vida, e não o brilho das estrelas que clareiam a imensidão. A mesma, sofrendo de depressão, ouviu falar que aquele seria um meio de obter alívio para suas amarguras, porém estava muito descrente mesmo assim. Durante a sessão, alguns minutos após haver bebido o catalisador da consciência, suas angústias afloraram, e a mesma começou a se lamentar em voz alta, enquanto era acariciada com gentileza por uma participante mais antiga, que se encontrava ao seu lado. Foi aos poucos se acalmando, e as lágrimas a acompanharam ao longo daquela jornada. No final da noite, quando todos já se reuniam após a sessão para consumir sucos e alimentos, pude conversar com ela. A mesma parecia transformada. Havia um brilho diferente em seu olhar. Algo muito intenso se revelou para a ela. Uma percepção que não haveria mais de estar ausente em sua caminhada.

É muito feliz esta aceitação de algo maior, o ser universal, a consciência cósmica imanente, que permanece como algo tão difícil de ser aceito por aqueles que não usam mais das suas partes adormecidas, os potenciais do seu cérebro que permanecem na inércia, por falta de estímulos para a percepção das realidades alternadas.

Pela prática da meditação já tive várias vezes a felicidade de adentrar este profundo silêncio, preenchido pela força cósmica, que se descortina quando damos ao espírito o tempo necessário em atitude receptiva, para que se revele uma expressão maior desta unidade com o Todo.

Constituir uma civilização assim, de seres que percebem esta ligação com a Imanência, é o que falta para que os espíritos da Terra se dediquem mais ao bem estar coletivo, o respeito pelo próximo, a atitude de transmutação de suas tendências, passando a sentir mais prazer e se dedicar mais ao que é de natureza superior.

É a visão interna que precisa estar aberta para este brilho transcendental, não é meramente pela teoria, pelo exercício intelectual que se chega a isto, mas por um estado de união afetiva com este ser maior, por haver se permitido sentir o toque desta entidade universal, nas fibras morais, na intimidade do ser.

Queremos ver surgir esta civilização de seres despertos. De pessoas que desenvolveram a capacidade de sentir esta interação com o princípio criador e vitalizante que se faz presente em cada partícula da imensidão. Quando isto acontecer, será como o momento suave em que os anjos abrem suas asas de luz, percebendo seu potencial para a liberdade do vôo, para seguir em atitude vibrante, para muito além das limitações e tristezas da vida material.


Paz para os buscadores,


Eu sou

Targon.

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